O Blog da Escultor
Blog do Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá
sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
O Teatro vem à Escola: Auto da Barca do Inferno
sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Citação para Reflexão
"As escolas que decidiram afastar os telemóveis para terem lá dentro crianças e adolescentes livres são pequenas bolhas de Humanidade que devemos preservar com todo o Amor.
Estão a tentar o que (não) lhes compete: que os filhos de outros pais ainda consigam ir a tempo de olhar para o que os rodeia, aqui e agora; e que se espantem com o tanto que têm a ganhar."
Bruno Nogueira, Dores Crónicas
quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
ACOLHIMENTO A ALUNOS MIGRANTES - DESAFIO
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
CHOCOLATE E FEIJÕES
Chocolate e feijões?!
Sim...e com pessoas de pernas para o ar pelo meio! Como é isso possível?
Damos-te uma pista (ao teu dispor, na Biblioteca Escolar):
Sugestão de Leitura...(sem imposições ou obrigações)
Não és obrigado a ler. Não és. Tenta, se quiseres...e, se te sentes perdido na infinitude de livros, deixo aqui uma sugestão. Ah, e um excerto de alguém que pensa como eu. E, provavelmente, como tu... Vê se te identificas. Há Dores Crónicas que a leitura cura. Isto nem são 10 Minutos a Ler. É a semente de meia dúzia de minutos que talvez floresçam num livro inteiro...
Na escola obrigam-nos a ler o que ainda não queremos nem sabemos; autores que precisam de tempo para serem lidos com o amor e a atenção que eles merecem. É assim que muitas vezes se afasta um leitor de um escritor: obrigando-o a ler o que só deve ser lido por vontade própria. Obrigar uma criança a ler é instigá-la a ganhar aversão à leitura. Ler tem de ser um impulso que nos toma de assalto, como dar um mergulho no mar. Se nos atiram de repente para dentro de água, só queremos sair e ir a correr para a toalha. Houve uma altura em que insistia com as minhas filhas para lerem, porque não aguentava que elas não descobrissem o que me fazia tão feliz. De tanto querer que lessem, elas lá se rendiam e e liam por mim. Mas transformar o meu prazer na obrigação de outros resolve o meu problema, mas cria um neles.
Hoje em dia ofereço-lhes livros, e depois espero que um dia olhem para eles com a curiosidade delas...»
Bruno Nogueira
Os livros da Biblioteca Escolar também estão à espera da tua curiosidade...
sexta-feira, 6 de dezembro de 2024
ARMÁRIO DOS AUTORES...desafio de leitura
Fazer uma biografia de um escritor/uma escritora não é difícil. Está lá na net, certo, e depois...quem nunca fez Copy-Paste que atire a primeira pedra.💁
No entanto, será que se assimila a informação desejada?
quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
Integrar a Jogar...Xadrez
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
CAMÕES...PARA QUEM BASTAVA AMOR SOMENTE
Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a Fortuna sobejaram,
Que para mim bastava Amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que já as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
De Amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
Luís Vaz de Camões,
OFICINA DE ESCRITA CRIATIVA
Queres vir treinar os teus dotes de criador de histórias?
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
LITERACIA FINANCEIRA
Literacia Financeira e a Educação para o Consumo permitem aos jovens a aquisição e desenvolvimento de conhecimentos e capacidades fundamentais para as decisões que, no presente e no futuro, tenham que tomar sobre as suas finanças pessoais, habilitando-os como consumidores, e concretamente como consumidores de produtos e serviços financeiros, a lidar com a crescente complexidade dos contextos e instrumentos financeiros.
Numa perspetiva mais abrangente pretende-se disponibilizar informação que sustente opções individuais de escolha mais criteriosas, contribuindo para comportamentos solidários e responsáveis do aluno enquanto consumidor, no contexto do sistema socioeconómico e cultural onde se articulam os direitos do indivíduo e as suas responsabilidades face ao desenvolvimento sustentável e ao bem comum.
Aqui ficam alguns links para acesso a informação relevante sobre o tema:
Melhorar os níveis de conhecimento financeiro não é apenas uma questão de enriquecer a vida individual, é também fortalecer a economia nacional. |
A literacia financeira ainda é insuficiente em Portugal. O ABANCA explica-lhe a sua importância e o impacto nos investimentos ao longo da vida. Leia o artigo! |
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
AUTO DOS CONSUMIDORES CONSUMIDOS
ATO I
Cena
I
(cais de embarque; Anjo, Diabo e ajudante deste último em
cena)
Diabo (atarefado) – Vamos lá, meu ajudante!
Guarda tudo no porão
Prevejo muito ocupante
E o vento está de feição
Hoje vamos receber
Gente muito consumista
Companheiro - Mas irá a barca
encher?
Diabo - Vou dar-te já uma pista…
Olha bem em teu redor
O que vês? Consumidores!
Por isso aprende de cor:
Seremos seus malfeitores!
Companheiro - No Inferno, não há consumo?
Diabo - Nem com sumo, nem sem sumo!
Serão eles consumidos
Pelas labaredas, em fumo…
Mas diz-me, quem aí vem?
(ouve-se a música
“Money, Money, Money” dos Abba)
Cena
II
(entram em cena as consumistas, carregadas de sacas)
Companheiro - É a Lili Sem Vintém!
Diabo - E traz suas irmãzinhas
Aquelas só estavam bem
Quando andavam às comprinhas!
Lili - Boa tarde, vós quem
sois?
Diabo – O diabo, ao seu
dispor!
Lili – Ah!...O diabo, pois, pois
(olha-o de alto a baixo)
- Fica-vos mal essa cor!
E essa barca, para onde vai?
Diabo – P’ró Shopping do Bom Sucesso!
Lili - Leva-me nela, te peço….
Diabo – Venham todas, aqui entrai.
Cátia - Temos de atravessar o
rio?
Diabo – Um desvio nós faremos!...
Isabel
- (Aparte) Ai, que eu neste não me fio…
Diabo – Vamos p’rá Terra dos Demos
Lili - Cruzes, não quero eu ir
para lá
Nem uma montra, uma lojita…
Diabo
- Vamo’embora e pouca fita!
(dirigem-se à
barca do Anjo)
Lili - O Anjo me ouvirá!
Ó meu Anjo, queridinho!
Anjo
– Que desejais?
Lili – Deixa-me ir para o Céu!
Anjo
– Vós estais bem? Como ousais?
Gastavas todo o dinheiro
Em compras, sem piedade,
Dizendo ao teu companheiro
Que era para a caridade!
(as três dirigem-se de novo à
barca do Diabo)
Lili – P’ró Inferno, tem de ser!...
Isto é de perder o tino.
Vou p’rás
fogueiras arder
Mas com um top
Valentino!
Cena III
(vão
para a barca do Diabo; entretanto, ouve-se um cântico gregoriano e entra um
monge)
Monge – Esta barca…vai para o Céu?
Diabo (anuindo) -Vai para o seu…
destino
Monge – Mas o vosso não é o meu.
Diabo – Eu com este não atino!...
Monge –(para o público) Como vós, sou
pecador
Perfeito, só mesmo Deus!
Mas rogo a Nosso Senhor
Que me honre com os Céus!
Diabo (irritado) – Se é p’r’essa
conversação
“Deus”, Nosso Senhor”, os
“Céus”…
Ide àquela embarcação
Eu fico cá com os meus!...
Monge – Tu também já foste um Anjo!
Tua vida não foi sempre
esta…
Diz-me então: por que
caíste?
Diabo (trocista)- Devido ao peso na
testa!
Monge – Jesus! Que Deus te perdoe!
Diabo – Ó homem, vá! Eu até ajudo!...
Monge(para o público)-Que a todos Deus
abençoe!
(dirige-se
para a barca do Anjo)
Monge – Dizei-me, Anjo de Deus
Ireis vós para o
Paraíso?
Anjo - Meus domínios são os teus
A ti devo meu sorriso
Sempre em pobreza
andaste
Comias o que
colhias
Colhe hoje o que
semeaste:
Uma vida de humildade
Sem luxos, sem devaneios
No céu, é mesmo verdade:
Os últimos são os primeiros.
(entra na barca do Anjo)
Cena IV
(chega um agente publicitário, especialista em publicidade enganosa; vem acompanhado: uma bela jovem de nome Giselle; ouve-se, como música de fundo, “Eu Gosto É do Verão” dos Fúria do Açúcar)
Agente – Ó da barca, quem está aí?
Diabo – Agente publicitário!
Como vão os reclames?
Sempre a enganar o otário…
Agente – O que importa é vender!
Se compram gato por lebre
Não sou eu quem vai perder…
Diabo - E essa Moça, quem é ela?
Agente - Uma amiga especial…
Diabo - E onde arranjaste tal bem?
Agente - Nas promoções de Natal!
Diabo - É assim mesmo, pois, pois…
Agente - O meu lema sempre foi:
Leve um e pague dois!
Com o dinheiro que ganhava
A ambos eu sustentava…
Giselle - Calmex! Não foi bem assim:
Eu garanti meu sustento;
Sou modelo; e este,sem mim,
Comia pão bolorento!
Realmente fiz
campanhas
P’rás promoções de Natal
Mas não fui nas
suas manhas!
Foi tudo
profissional….
(virando se para o agente publicitário)
Mentes com todos
os dentes!
Mesmo ao próprio
Belzebu!
Pois fica agora
sabendo:
a mim, não me
enganas tu!
Se te pões p´raí
a armar
Dou-te um pontapé
no….
Diabo: (interrompe) Ora vamos a
acalmar!
No Inferno terão
tempo
Para as contas
ajustar…
(virando-se para o agente)
Diabo - Vá entra, lá no Inferno
Há muito a quem enganar
Agente - Oh! Eu não quero estorvar
Diabo - Não estorvas nada,
então?
Em vida, a enganar o povo
Agora: p’ró caldeirão!
Vais dar um ótimo prato
É só seguir o contrato…
Agente - O quê? Que contas as
minhas…
Diabo - Amigo: tu é que não leste
Estava em letras pequeninas.
Cena V
(entra o Agente na barca do inferno; ouve-se, de seguida, um excerto de “A
Vida É Feita de Pequenos Nadas” de Sérgio Godinho e entra o Vendedor de banha da cobra
acompanhado pelo seu ajudante, a carregar produtos inúteis)
Vendedor (fala rapidamente) – Muito boa noite,
senhoras e senhores
Não estou aqui para enganar ninguém
Estou aqui apenas
para fazer o meu negócio…
Diabo(aparte) - Onde este está não há ócio…
Então, tens banha da cobra? Vendedor
- De cobras e de lagartos
De répteis novos e velhos…
Diabo - Lagartos? Não gosto muito…
Sou pelos Diabos Vermelhos
Vendedor - E então, que queres levar?
Diabo - Quero levar-te a ti!
Ora toca d’embarcar
Vendedor - Mas ainda nada vendi.
Vou ao Anjo apregoar…
(dirige-se à barca do Anjo)
Vendedor - Senhor Anjo, ouça-me
bem:
Se comprar não faz asneira:
Tenho CD’s do Saul
Do Toy, do Tony Carreira,
E latas de Redbull
Fica com sobressalentes
Se estragar uma asa…
Anjo (interrompe-o) - Não entras na minha casa!
( dirige-se de novo à barca do
Inferno)
Diabo - Faz como manda o barqueiro
No
Inferno, ao chegar
Comprar-te-ei um isqueiro…
Cena VI
(O vendedor entra na barca do inferno; ouve-se o som de
um órgão de tubos; vem um Cardeal)
Diabo – Sejais bem-vindo,
Eminência!
É uma honra, Cardeal…
Cardeal – Pois aqui sinto-me mal
Que raio de barca é esta?
Diabo – Esta é a barca infernal.
Cardeal – Não sou peixe dessa pesca.
Eu sempre imitei Cristo.
Diabo
(mexendo-lhe nas vestes) – Ele não usava disto.
E diz-me cá, ó bacano…
Era pertença de Cristo
O espólio do Vaticano?
Penso que andava descalço.
Ou com sandálias de tiras.
Cardeal
- Tu é que já desatinas.
A um só Deus adorei!
Diabo
– É verdade. Eu bem sei!
Adoravas o dinheiro…
Cardeal – Calai-vos, demo
barqueiro
E
chegai-vos para lá…
Diabo – Não era Buda ou Alá,
Nem
Maomé, Jeová
Era
só o dinheirinho…
Cardeal – Deves
estar mas é parvinho.
Diabo – Parvo, eu?! Troças de mim?
Cardeal – Por acaso sabes latim?
Diabo – Ah pois sei, ó: embarcati!
Cardeal – Só ando
de Maserati…
Diabo – Este aqui é mesmo ignóbil…
- Achava que ia pró inferno
A
acenar no papamóbil…
(O Diabo empurra o cardeal
para dentro da barca)
Cena V
(O cardeal entra para a barca do Inferno;
ouve-se “Toca O Telefone a Toda a Hora”, de Maria José Valério; entra um
operador de call center)
Operador
- Boa noite, desculpe incomodar.
Precisa de dinheiro,
de graveto, de pilim?
Diabo
- Este tem já que embarcar!
Operador - Há aí lugar para mim?
Sou da empresa Credifixe
Eu não minto, não perjuro
Emprestámos o dinheiro
A 100% de juro!
Diabo - E o mauzinho sou eu??
Operador - Pode pagar mais depressa
Ou pagar mais devagar…
É certo que paga o dobro
Mas só queremos ajudar…
Diabo - Com essa lábia enganosa
Nem eu te quero levar…
Mas toca lá
d’embarcar!
(canção Eu gosto é do verão –
Fúria do Açúcar)
Surfista – Oi pessoal, nem
sei por que estou aqui
Veio uma onda gigante e os sentidos perdi
Sabem se por aqui perto,
Há uma loja de desporto?
Se houver vou já visitar
Na terra eu era fanático
Só
queria era comprar
Era
o fato, era a prancha
Enfim,
o equipamento (é interrompido)
Diabo
– Ora aguarda só um momento
Quanto dinheiro gastaste
Para o surf praticar?
Surfista
- Sei lá, eu perdi a conta
Era o meu pai a pagar!
Diabo
– A viagem é de graça
Vamos já a embarcar…
No inferno tens fogueiras
(Mas não são para surfar…)
Surfista - Que pena, um fato tão
caro
E
vai ser para queimar!
Todos - Este Auto, com certeza
Que tem lição de moral:
Para não entrar em demência
Não gaste com imprudência
Não faça a si próprio mal!
O Inferno não existe
Mas gastar mais do que tem