“[…] perguntei-lhes sobre casas, sobre quartos,
sobre o amor, sobre a família, perguntei-lhes sobre memórias tristes, sobre
memórias boas, sobre o que acontece quando a luz à noite se apaga e aqueles
pensamentos todos lhes vêm à cabeça.
Houve silêncio e houve lágrimas.”
Joana Craveiro
Na quinta-feira do dia 30 de janeiro, os alunos do 8º ano, da escola Escultor António Fernandes de Sá deslocaram-se ao teatro Carlos Alberto, no Porto, para assistir à peça “Margem”.
Margem
Margem, com
direção de Victor Hugo Pontes
e com ajuda da escrita de Joana Craveiro, fala da violência, a de jovens, como
a dos Capitães da Areia, de
Jorge Amado, livro que lhe serviu de inspiração.
Ao diálogo
entre a linguagem coreográfica de Victor Hugo Pontes e o livro sobrepôs-se uma
segunda camada, a das histórias de vida, recolhidas em pesquisa prévia, de
crianças institucionalizadas da Casa Pia e do Instituto Profissional do Terço,
e ainda uma terceira, feita das memórias e experiências dos próprios atores e
do seu processo de construção do espetáculo. Um elenco de jovens dos 14 aos 20
anos (mais um bailarino e um ator profissional) habita o palco-casa-abrigo,
colchões espalhados pelo chão, o oásis de uma palmeira, como um espaço vital de
sobrevivência de si, em grupo, em família. Margem é assumidamente um trabalho “muito profundo” falando
de racismo, revolução e morte- a meio caminho entre o teatro documental e a
dança.
Uma peça cheia
de vivências atuais, de sentimentos e emoções que enchem os dias de muitos de
nossos jovens, de violência doméstica, droga, prostituição e muita falta de
afeto, “Margem” vive nos nossos dias, na angústia e no desespero, na falta de
tudo e no ombro amigo de um companheiro.
Será sempre um
momento marcante para todos nós, que entendemos quanto o amor pode ser
importante na vida!
Ana Beatriz Monteiro
8ºA nº3