segunda-feira, 2 de março de 2020

A curiosidade veio à Margem



“[…] perguntei-lhes sobre casas, sobre quartos, sobre o amor, sobre a família, perguntei-lhes sobre memórias tristes, sobre memórias boas, sobre o que acontece quando a luz à noite se apaga e aqueles pensamentos todos lhes vêm à cabeça.
Houve silêncio e houve lágrimas.”
Joana Craveiro

     Na quinta-feira do dia 30 de janeiro, os alunos do 8º ano, da escola Escultor António Fernandes de Sá deslocaram-se ao teatro Carlos Alberto, no Porto, para assistir à peça “Margem”.

Margem

Margem, com direção de Victor Hugo Pontes e com ajuda da escrita de Joana Craveiro, fala da violência, a de jovens, como a dos Capitães da Areia, de Jorge Amado, livro que lhe serviu de inspiração.

Ao diálogo entre a linguagem coreográfica de Victor Hugo Pontes e o livro sobrepôs-se uma segunda camada, a das histórias de vida, recolhidas em pesquisa prévia, de crianças institucionalizadas da Casa Pia e do Instituto Profissional do Terço, e ainda uma terceira, feita das memórias e experiências dos próprios atores e do seu processo de construção do espetáculo. Um elenco de jovens dos 14 aos 20 anos (mais um bailarino e um ator profissional) habita o palco-casa-abrigo, colchões espalhados pelo chão, o oásis de uma palmeira, como um espaço vital de sobrevivência de si, em grupo, em família. Margem é assumidamente um trabalho “muito profundo” falando de racismo, revolução e morte- a meio caminho entre o teatro documental e a dança.

Uma peça cheia de vivências atuais, de sentimentos e emoções que enchem os dias de muitos de nossos jovens, de violência doméstica, droga, prostituição e muita falta de afeto, “Margem” vive nos nossos dias, na angústia e no desespero, na falta de tudo e no ombro amigo de um companheiro.

Será sempre um momento marcante para todos nós, que entendemos quanto o amor pode ser importante na vida!

Ana Beatriz Monteiro  8ºA  nº3