PARA QUEM DIZ QUE AS NOVAS GERAÇÕES NÃO GOSTAM DE LER...
...fica aqui uma pergunta para reflexão: não se dará o caso de estarmos, em Portugal, perante a geração (as nossas crianças, adolescentes e jovens) que mais lê, em diversos suportes e textos de diferentes tipologias...não obstante: leitura? Será que há quem considere que os mais novos não leem...porque não querem ler o que lhes é imposto, mas sim o que gostam de ler?
A questão fica no ar, mas perante tantos pedidos de mais "contos de assustar" , cá fica mais um conto (e a sugestão de leitura para a iniciativa "10 Minutos a Ler"):
A Casa da Colina
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A Casa da Colina |
Na pequena vila de Eldermoor, situada no isolado condado de Edenstar, havia uma colina onde se
erguia uma antiga casa, envolta em lendas e mistérios. Os moradores evitavam
aquele lugar, especialmente ao cair da noite, quando a neblina se arrastava
como um véu sobre a terra.
Certa noite, um jovem chamado Lucas, curioso e
destemido, decidiu explorar a casa. Com uma lanterna em mãos e o coração
acelerado, subiu a colina. A casa, com suas janelas quebradas e portas
rangendo, parecia esperar por ele...
Ao entrar, um frio intenso o envolveu. Junto às paredes húmidas, havia móveis antiquíssimos e empoeirados, com teias de aranha por todo o lado... um cheiro de mofo pairava no
ar. Lucas começou a explorar, lembrando-se das histórias que ouvira sobre os
antigos moradores, uma família que desaparecera tragicamente sem deixar rastros.
Enquanto caminhava pelo corredor, Lucas ouviu um
sussurro suave. Parou, segurando a lanterna mais firmemente. O sussurro se
tornou mais claro, como se alguém o chamasse pelo nome. Intrigado, ele seguiu a
voz, que o conduziu até uma porta fechada no final do corredor escuro, iluminado apenas pela fugidia e tremeluzente luz da lanterna.
Com um impulso, abriu a porta. A sala estava vazia,
exceto por um antigo espelho emoldurado em ouro. Ao aproximar-se, a voz tornou-se um grito agudo e desesperado. Lucas viu o seu reflexo, mas ao mesmo tempo,
algo mais: uma figura sombria e assustadora atrás dele, com olhos vazios e um sorriso
distorcido.
Ele virou-se rapidamente, mas não havia ninguém. Com o coração batendo forte, decidiu que era hora de sair. No entanto, ao voltar para
o corredor, as paredes pareciam fechar-se ao seu redor. Cada passo levava-o mais fundo na casa, e a voz agora estava no seu ouvido, murmurando segredos
obscuros.
Desesperado, Lucas correu em direção à saída, mas as
portas estavam trancadas. Ele virou-se para o espelho novamente, e o que viu paralisou-o: a figura estava agora ao seu lado, refletida com um olhar maligno. O
espelho começou a brilhar, raios intensos emanavam, puxando-o, sugando-o com uma força inexplicável...
Com um último esforço, Lucas gritou e lançou a
lanterna contra o espelho, que se quebrou em mil pedaços. O grito da figura
ecoou pela casa, enquanto uma onda de escuridão o envolveu. Ele sentiu um frio
cortante e, num instante, tudo ficou em silêncio.
Na manhã seguinte, os moradores encontraram a casa
vazia novamente, mas a lanterna de Lucas ainda estava lá, iluminando a sala,
como se esperasse pelo próximo curioso a desafiar a lenda da Casa da Colina.
João Benjamim da Silva Varela 6A