Por é que as crianças têm medo do escuro? Pelo que a escuridão pode ocultar. Acende-se a luz e tudo volta a ser familiar. É preciso acender luzes que impeçam medos escusados.
Fim de tarde solarengo nas margens do Douro. Um homem alto
e magro de túnica azul acetinada levanta-se e ajoelha-se num
tapete multicolor sobre o empedernido da rua. Os transeuntes
olham-no de soslaio. Murmuram que não é na rua que se reza,
que agora gente dessa laia está por todo o lado, que saudades
do Salazar, que saudades das Cruzadas. Pensamentos bélicos
perante um homem que reza.
Portugal é conhecido pela arte de acolher e há quem queira aprender a arte de cavalgar toda a sela para empunhar a espada. Sobretudo gente sem energia para ler um livro.
O ódio transmite-se sem requisitos, do sussurro aos gritos com perdigotos, o ódio escurece as palavras, dá-lhes maus fígados, ao contrário da empatia que as engrandece e lhes franqueia horizontes. O horizonte de uma vida melhor! Esse é o objetivo primordial. Ah...mas há gentalha que vem para cá arranjar problemas.
Onde é que só existem pessoas de bem? Em que nacionalidade, credo ou cor da pele? Que língua falam? Como se vestem as pessoas inteiramente do Bem e da Verdade?
Pergunto eu que tantas vezes pequei por pensamentos, palavras, atos e omissões. Há que aceitar tudo de todas as maneiras? Não! A ética está acima das tradições e dos rituais. Se atenta contra a ética, se é crime, não pode ser permitido sob nenhuma escusa de relativismo cultural.
Partamos do princípio da empatia. Chegar a um país onde tudo é diferente e ser recebido com duas pedras na mão e já algumas a voar contra nós. Quem nunca pecou... É claro que é inadmissível que o profeta Mohammed tenha desposado uma menina com nove anos. Inaceitável! Inaceitável mesmo! Lembremo-nos, não obstante, que a Virgem Maria foi mãe de Jesus com 13 anos. É sempre uma questão de olhar para o próprio umbigo. Há que pôr mais lentes no caleidoscópio. E há tanto de deslumbrante, de enriquecedor em aprender diferentes formas de ver o mundo: línguas diferentes, canções, trajes, danças, arte, gastronomia, saberes e sabores,...
Partamos do princípio do acolhimento, da inclusão, da integração, da empatia pelos quais somos reconhecidos em todo o mundo.
«“Caritas bonitas” são as das crianças» - dizia a avó Alzira ao fingir ler, no seu analfabetismo, a inscrição memorizada na frontada de uma igreja. Desconhecia, como muitos, que Caritas(et)Bonitas significa Caridade e Bondade. E esses, sim, são os alicerces essenciais da portugalidade.
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