A minha mãe é
uma pessoa sensível
Que come
galinhas
E que mata
galinhas!
A minha mãe
sempre foi uma pessoa sensível
Tao sensível
Que ficava
feliz por haver, por vezes, uma galinha para comer.
A minha mãe não
escrevia poemas
(isto de se ser
analfabeto tem os seus constrangimentos)
Mas tinha
poesia no olhar!
A minha mãe não
discorria sobre a praia, nem sobre o mar
Mas conhecia
bem os campos
As leiras
As colheitas
A impiedade do
tempo, a rudeza dos homens, os caprichos do chão…
Quando morrer,
não vai para o Penteão
(não é sítio
para quem está preso à lei da morte)
E, no entanto,
fez feitos valorosos
Deu de comer a
cães famintos
E, sendo pobre,
partilhou com os miseráveis,
E lutou para
que a morte não a levasse de vencida
E (por muito
que isto nada interesse às elites)
A minha mãe sensível…deu-me a vida!
A Professora Bibliotecária,
Sílvia Pinto