Mais um texto premiado...
A Caveira Possuída
É
Halloween, de noite, e há seis meninos a verem um filme de terror, mas só um o
viu até ao final; os outros só aguentaram dez, onze, doze, treze, … vinte e um
minutos.
O
Michael disse:
-
Que filme fraco!
-
Fraco?! Foi assustador! Estive a tremer do princípio ao fim… – exclamou a Marta.
-
Concordo com a Marta - comentou o João – houve uns momentos de suster a
respiração!
-
Tu ainda és mais fraco do que ela! - retorquiu o Michael.
-
Não te assustou nem um pouco? - perguntou-lhe o Gonçalo.
- Não, eu aguento! – respondeu - Eu não tenho
medo de nada! – proferiu, com alguma arrogância, o Michael.
-
Ai não? Vou assustar-te!... – garantiu o Gonçalo – Quem está comigo?
-
Eu ajudo! - ofereceu-se o Gabriel.
-
Mais alguém? – perguntou o Gonçalo.
-
Eu não quero, vou ficar no quarto. – disse a Andreia, que não gostava de confusões.
-
Vamos lá fora procurar algo. – sugeriu o Gabriel
-
Podem procurar, mas não me vão assustar! Eu vou ver mais uns vídeos de
Halloween. – disse, em tom sarcástico, o Michael…
O
Gonçalo e o Gabriel foram lá fora. O
Gabriel encontrou um fato de um palhaço (provavelmente de algum miúdo que se
arrependera de ter escolhido aquele fato para a noite das bruxas).
-
Boa, Gabriel! Eu encontrei uma motosserra a fingir, daquelas de plástico, mas
dá som. Veste o fato, e vem cá buscar a motosserra.
-
OK!
Enquanto
o Michael, o João e a Marta estavam a ver vídeos, o João foi a casa de banho.
O Michael disse:
-
Fecha a porta! Lembra-te que “a porta fecha”. Então, o Joáo bateu com a porta
violentamente, E a Andreia gritou:
-
Fechas com força, porque a casa não é tua!
Nesse
preciso instante, alguém bate à porta. Era uma forma de bater agressiva,
rápida, persistente.
A
Andreia levanta-se e foi abrir e apareceu o Gabriel vestido de palhaço com uma motosserra.
Começam todos a gritar! No entanto, o Michael mantém-se calmo.
-
Não te assustaste, Michael? - perguntou o Gonçalo, que chegou, entretanto.
-Não!!
O
João voltou e a Andreia disse:
- Fecha
a porta devagar, por favor. És sempre o mesmo!
-
Eu não a fechei! – exclamou o João.
-
Fui eu, com um fio. – disse o Gonçalo, a rir.
-
Muito engraçadinho! Vamos mas é lá fora procurar algo. - exclamou o Gabriel.
Já
no exterior, o Gabriel viu algo branco que se destacava na terra escura e húmida.
Era algo aparentemente esférico, mas quando o Gabriel desenterrou esse objeto, encontrou
uma caveira. Supôs que era um adereço perdido de Halloween.
-Boa!
Traz isso para a cozinha, que eles continuam no quarto. Depois eu penso no que fazemos.
- afirmou o Gonçalo.
-
Deixa a caveira e vamos lá para cima.
-
Eu já subo.
-
OK.
-
Vão todos morrer!!! – proferiu, num sussurro assustador, o Gabriel, que foi ao faqueiro
da cozinha tirar a maior faca e estava muito pálido, com os olhos totalmente vermelhos
e um ar feroz.
-
Gabriel, se achas que a maquilhagem da Marta, as lentes de contacto da Andreia
e uma faca falsa que me assustam… estás enganado. Inesperadamente, o Gabriel
atira a faca com toda a força (uma força impossível para a sua tão jovem idade)
contra o Michael, acerta-lhe no pescoço e, em agonia, o Michael cai sobre os
joelhos, tomba para o lado e morre. Automaticamente, começaram todos a gritar!
O
João foi ter com o Gabriel e perguntou:
-
Por que o mataste? - o Gabriel, sem dizer nada, pegou no João como se ele não
tivesse peso e atirou-o violentamente contra a porta, que partiu, ficando o
João muito ferido.
O
Gonçalo sugeriu que deviam fugir todos pela janela.
Enquanto
eles se preparavam para fugir, a Marta perguntou:
-
O que se passa?
-
Depois explicamos, Marta, vens comigo por aqui e a Andreia vai por ali, porque
conhece a casa.
-
Por que razão não vamos todos juntos? - pergunta a Andreia.
-
Porque assim ele não sabe a quem perseguir.
-
Ok, vamos - disseram a Andreia e a Marta em coro. O João permancia inconsciente, junto à porta partida.
Eles
começaram a correr, cada um para o caminho que foi indicado.
O
Gabriel, que ficou na casa, tirou impiedosamente a faca do pescoço do Michael e,
disferindo golpes sucessivos, matou o João.
A
Marta perguntou a correr:
-
O que se passa?!
-
Eu não sei, mas foi depois de tocar na caveira! – respondeu o Gonçalo.
-
Será que foi a história da caveira amaldiçoada, que a Andreia nos contou e à
qual nós não prestamos atenção? Lembraste?
-
Sim! A caveira que traz com ela um espírito demoníaco! – respondeu a Marta
-
Derrotamos a caveira colocando-a no sítio de onde a tiramos, não é? - perguntou
a Marta.
-
Acho que sim, mas não prestei atenção.
-
De onde é que tiraram? - perguntou a Marta.
-
Perto da vedação, num buraco, que ainda não tapamos! – exclamou o Gonçalo.
-
Onde está a caveira? - perguntou a Marta
-
Na mesa da cozinha.
- Ó meu Deus! - disse a Marta
- Temos de voltar - exclamou o Gonçalo.
Enquanto
eles voltavam, a Andreia pensou que era a caveira a andar pela casa. Então,
voltou e ouviu barulhos. Ficou assustada e, do nada, o Gabriel, salta do
telhado e grita “boo”. A Andreia grita, horrorizada:
-
Ohhhh!....
-
Diz adeus. - disse o Gabriel – e matou-a, torcendo-lhe o pescoço, como se a Andreia fosse um frágil passarinho.
Entretanto,
chegaram o Gonçalo e a Marta.
A
Marta disse:
-
Vai distraí-lo.
-
Por que não vais tu?
-
Porque eu vou pôr a caveira no lugar.
-
OK, vai depressa.
-
Olá, Gabriel, tu não me apanhas… - desafiu o Gonçalo, mas a tremer por dentro.
-
Queres ver?
-
Quero!
Começaram
a correr um atrás do outro. A Marta correu para a cozinha, sem ninguém a ouvir
e ver. Pegou na caveira e levou-a até ao lugar de onde tinha sido tirada, para a enterrar. Apesar disso,
viu que o Gabriel continuava possuído.
Segurando
a caveira, ela também ficou subitamente possuída e correu atrás do Gonçalo. O Gabriel e a Marta, com um ar satânico, cercam-no. Ele perguntou o motivo de estarem a fazer aquilo e se estavam possuídos.
-
Eu estou. – respondeu, com um sorriso maléfico e numa voz que não era a dela, a
Marta.
-
E eu, porque quero viver e quero vingança! Ah, e o meu nome é Adam! – “rugiu” o
Adam, um assassino que havia morrido, há muito tempo, num incêndio de um celeiro,
nas labaredas ateadas pela população que andara a aterrorizar, com assassinatos
horrendos, durante anos e cujo espírito estava agora no corpo do Gabriel.
Aproximou-se em passos rápidos e terríveis e estrangulou o Gonçalo.
Usando
os corpos de Marta e do Gabriel, o espírito maligno de Adam, repleto de sede de
vingança, deambula pelo Mundo a enganar as pessoas e acabar, de forma atroz, com a sua vida…
Ainda
anda por aí! Tem cuidado quando olhares pata trás…
Gonçalo Santos, nº14, 6ºB