domingo, 1 de novembro de 2020

"Contos de Fazer Tremer"

 


Mais um texto premiado...

Caveira Possuída

É Halloween, de noite, e há seis meninos a verem um filme de terror, mas só um o viu até ao final; os outros só aguentaram dez, onze, doze, treze, … vinte e um minutos.

O Michael disse:

- Que filme fraco!

- Fraco?! Foi assustador! Estive a tremer do princípio ao fim… – exclamou a Marta.

- Concordo com a Marta - comentou o João – houve uns momentos de suster a respiração!

- Tu ainda és mais fraco do que ela! - retorquiu o Michael.

- Não te assustou nem um pouco? - perguntou-lhe o Gonçalo.

-  Não, eu aguento! – respondeu - Eu não tenho medo de nada! – proferiu, com alguma arrogância, o Michael.

- Ai não? Vou assustar-te!... – garantiu o Gonçalo – Quem está comigo?

- Eu ajudo! - ofereceu-se o Gabriel.

- Mais alguém? – perguntou o Gonçalo.

- Eu não quero, vou ficar no quarto. – disse a Andreia, que não gostava de confusões.

- Vamos lá fora procurar algo. – sugeriu o Gabriel

- Podem procurar, mas não me vão assustar! Eu vou ver mais uns vídeos de Halloween. – disse, em tom sarcástico, o Michael…

O Gonçalo e o Gabriel foram lá fora.  O Gabriel encontrou um fato de um palhaço (provavelmente de algum miúdo que se arrependera de ter escolhido aquele fato para a noite das bruxas).

- Boa, Gabriel! Eu encontrei uma motosserra a fingir, daquelas de plástico, mas dá som. Veste o fato, e vem cá buscar a motosserra.

- OK!

Enquanto o Michael, o João e a Marta estavam a ver vídeos, o João foi a casa de banho. O Michael disse:

- Fecha a porta! Lembra-te que “a porta fecha”. Então, o Joáo bateu com a porta violentamente, E a Andreia gritou:

- Fechas com força, porque a casa não é tua!

Nesse preciso instante, alguém bate à porta. Era uma forma de bater agressiva, rápida, persistente.

A Andreia levanta-se e foi abrir e apareceu o Gabriel vestido de palhaço com uma motosserra. Começam todos a gritar! No entanto, o Michael mantém-se calmo.

- Não te assustaste, Michael? - perguntou o Gonçalo, que chegou, entretanto.

-Não!!

O João voltou e a Andreia disse:

- Fecha a porta devagar, por favor. És sempre o mesmo!

- Eu não a fechei! – exclamou o João.

- Fui eu, com um fio. – disse o Gonçalo, a rir.

- Muito engraçadinho! Vamos mas é lá fora procurar algo. - exclamou o Gabriel.

Já no exterior, o Gabriel viu algo branco que se destacava na terra escura e húmida. Era algo aparentemente esférico, mas quando o Gabriel desenterrou esse objeto, encontrou uma caveira. Supôs que era um adereço perdido de Halloween.

-Boa! Traz isso para a cozinha, que eles continuam no quarto. Depois eu penso no que fazemos. - afirmou o Gonçalo.

- Deixa a caveira e vamos lá para cima.

- Eu já subo.

- OK.

- Vão todos morrer!!! – proferiu, num sussurro assustador, o Gabriel, que foi ao faqueiro da cozinha tirar a maior faca e estava muito pálido, com os olhos totalmente vermelhos e um ar feroz.

- Gabriel, se achas que a maquilhagem da Marta, as lentes de contacto da Andreia e uma faca falsa que me assustam… estás enganado. Inesperadamente, o Gabriel atira a faca com toda a força (uma força impossível para a sua tão jovem idade) contra o Michael, acerta-lhe no pescoço e, em agonia, o Michael cai sobre os joelhos, tomba para o lado e morre. Automaticamente, começaram todos a gritar!

O João foi ter com o Gabriel e perguntou:

- Por que o mataste? - o Gabriel, sem dizer nada, pegou no João como se ele não tivesse peso e atirou-o violentamente contra a porta, que partiu, ficando o João muito ferido.

O Gonçalo sugeriu que deviam fugir todos pela janela.

Enquanto eles se preparavam para fugir, a Marta perguntou:

- O que se passa?

- Depois explicamos, Marta, vens comigo por aqui e a Andreia vai por ali, porque conhece a casa.

- Por que razão não vamos todos juntos? - pergunta a Andreia.

- Porque assim ele não sabe a quem perseguir.

- Ok, vamos - disseram a Andreia e a Marta em coro. O João permancia inconsciente, junto à porta partida.

Eles começaram a correr, cada um para o caminho que foi indicado.

O Gabriel, que ficou na casa, tirou impiedosamente a faca do pescoço do Michael e, disferindo golpes sucessivos, matou o João.

A Marta perguntou a correr:

- O que se passa?!

- Eu não sei, mas foi depois de tocar na caveira! – respondeu o Gonçalo.

- Será que foi a história da caveira amaldiçoada, que a Andreia nos contou e à qual nós não prestamos atenção? Lembraste?

- Sim! A caveira que traz com ela um espírito demoníaco! – respondeu a Marta

- Derrotamos a caveira colocando-a no sítio de onde a tiramos, não é? - perguntou a Marta.

- Acho que sim, mas não prestei atenção.

- De onde é que tiraram? - perguntou a Marta.

- Perto da vedação, num buraco, que ainda não tapamos! – exclamou o Gonçalo.

- Onde está a caveira? - perguntou a Marta

- Na mesa da cozinha.

- Ó meu Deus! - disse a Marta

- Temos de voltar - exclamou o Gonçalo.

Enquanto eles voltavam, a Andreia pensou que era a caveira a andar pela casa. Então, voltou e ouviu barulhos. Ficou assustada e, do nada, o Gabriel, salta do telhado e grita “boo”. A Andreia grita, horrorizada:

- Ohhhh!....

- Diz adeus. - disse o Gabriel – e matou-a, torcendo-lhe o pescoço, como se a Andreia fosse um frágil passarinho.

Entretanto, chegaram o Gonçalo e a Marta.

A Marta disse:

- Vai distraí-lo.

- Por que não vais tu?

- Porque eu vou pôr a caveira no lugar.

- OK, vai depressa.

- Olá, Gabriel, tu não me apanhas… - desafiu o Gonçalo, mas a tremer por dentro.

- Queres ver?

- Quero!

Começaram a correr um atrás do outro. A Marta correu para a cozinha, sem ninguém a ouvir e ver. Pegou na caveira e levou-a até ao lugar de onde tinha sido tirada, para a enterrar. Apesar disso, viu que o Gabriel continuava possuído.

Segurando a caveira, ela também ficou subitamente possuída e correu atrás do Gonçalo. O Gabriel e a Marta, com um ar satânico, cercam-no. Ele perguntou o motivo de estarem a fazer aquilo e se estavam possuídos.

- Eu estou. – respondeu, com um sorriso maléfico e numa voz que não era a dela, a Marta.

- E eu, porque quero viver e quero vingança! Ah, e o meu nome é Adam! – “rugiu” o Adam, um assassino que havia morrido, há muito tempo, num incêndio de um celeiro, nas labaredas ateadas pela população que andara a aterrorizar, com assassinatos horrendos, durante anos e cujo espírito estava agora no corpo do Gabriel. Aproximou-se em passos rápidos e terríveis e estrangulou o Gonçalo.

Usando os corpos de Marta e do Gabriel, o espírito maligno de Adam, repleto de sede de vingança, deambula pelo Mundo a enganar as pessoas e acabar, de forma atroz, com a sua vida…

Ainda anda por aí! Tem cuidado quando olhares pata trás…

                                                                                              Gonçalo Santos, nº14, 6ºB