terça-feira, 6 de outubro de 2020

Valorizar os Idosos...todos os dias!

      



      Há pouco celebrou-se o Dia Internacional do Idoso. Porém, dever-se-á pensar nos idosos só e certas datas, ao estilo de certos políticos em campanha eleitoral? Os idosos têm de ser protegidos e valorizados...todos os dias E a sua experiência e sabedoria nunca deve ser descurada. Conheces bem os idosos da tua família, as peripécias da sua infância, a forma coo brincavam,  as  histórias que tê para contar, as lendas e contos de assombrar que guardam na memórias, os cantares qua animavam o trabalho e e as expressões que o tempo quer pulverizar?

     A Francisca da turma do 6ºB, perante a sugestão de entrevistar alguém do seu círculo de pessoas queridas, lembrou-se do seu avô e quis partilhar connosco tudo o que aprendeu com a sua entrevista. Faz o mesmo e escolhe alguém mais velho da tua família para dialogares e te enriqueceres...

                              ENTREVISTA AO AVÔ DA FRANCISCA

Francisca (F) - Onde é que nasceste?

Avô da Francisca (AF) - Eu nasci em 1945, nua aldeia em Trás-os-Montes, chamada Capelos que pertence ao concelho de Carrazeda de Anciães. 

F - Como era a tua vida na aldeia?

AF - A vida na aldeia era muito difícil, era muito dura, porque tínhamos de nos levantar muito cedo para ir trabalhar no campo. Por outro lado, havia muita amizade entre as pessoas e fazíamos muitos bailes. 

F - Começaste a andar na escola com que idade?

AF - Comecei a andar na escola com sete anos.

F - até que ano andaste na escola?

AF - Andei na escola até fazer a quarta classe, porque os meus pais não me deixaram fazer mais. Preferiram e acharam melhor, para mim, trabalhar no campo. Gostava de ter continuado a estudar, porque gostava da escola e tinha o sonho de ser médico ou padre.

F - Como brincavas na aldeia?

AF - Na minha aldeia, quando eu era criança, havia muitas outras crianças, ao contrário de hoje. Brincávamos à apanhada, fazíamos corridas, jogávamos à bola, mas a bola que nós tínhamos era de trapos. Íamos apanhar grilos, gafanhotos, nadar, jogar ao espeto, tepar às árvores...

F - Brincavas muito com os teus amigos?

AF - Sim, brincava! Nós éramos sete irmãos: três rapazes e quatro raparigas.

F - Qual foi o teu primeiro trabalho, sem ser trabalhar no campo, na aldeia?

AF - O meu primeiro trabalho fora da aldeia foi ser aprendiz de eletricista automóvel, no Peso da Régua, que ficava a cerca de 100 km da aldeia.

F - Então com que idade começaste a trabalhar nessa profissão?

AF - Com 14 anos.

F - Votando um pouco atrás...por que motivo saíste da aldeia?

AF - Como a vida na aldeia era dura, não via perspetivas de futuro. Saí da aldeia para ir  à procura de uma vida melhor.

F - Quanto tempo estiveste na Régua a ser aprendiz?

AF - Estive a trabalhar na Régua até ser chamado para a tropa.

F - Então, com que idade foste para a tropa?

AF - Fui para a tropa com 20 anos.

F - O que sentiste quando foste para a tropa?

AF - Senti desânimo, porque tinha de "parar" a minha vida, pela qual lutei tanto e o país estava em guerra com as suas colónias.

F - E quanto tempo serviste no exército?

AF - Durante três muito longos anos...

F - Em que ano conheceste a avó?

AF - Conheço a avó praticamente desde que nasci, porque nascemos na mesma aldeia.

F - Com que idade casaste com a avó?

AF - Tinha 20 anos.

F - Quando vieste da tropa, o que fizeste?

AF - Quando cheguei da tropa, inicialmente, fui para a aldeia, mas como queria uma vida melhor para mim e para a tua avó fui para Angola trabalhar sozinho. Depois a tua avó foi lá ter comigo, mas quando se deu o 25 de abril de 1974 fomos obrigados a sair de Angola e regressámos à aldeia.

F - E votaste a sair da aldeia?

AF - Sim, depois de termos regressado, votei novamente a emigrar sozinho, mas para o Canadá. Só que não estive lá muito tempo, porque o Canadá é muito frio e sobretudo porque tinha muitas saudades da tua avó e dos meus filhos.

F - Sim, mas por pouco tempo. Depois fui para o Porto trabalhar, novamente sozinho, e só passados alguns meses é que a tua avó, o teu pai e a tua tia vieram ter comigo.

AF - Quantos netos tens?

F - Tenho quatro netos: dois rapazes e duas raparigas.

AF - O que fazes tu agora?

F - Estou reformado. Agora compro tudo feito! (sorriso)

AF - Ficaste muito feliz por teres netos' 

F - Sim, fiquei, são os meus segundos filhos e gosto muito de todos.

AF - Por último, uma curiosidade: quantos anos tinhas quando tiraste a carta de condução?

F - Tirei com 17 anos de idade. O Meu pai teve de dar autorização para eu poder tirar a carta tão novo!...

      E assim fica registado um bocadinho da história do Sr. manuel, pelo que lhe agradecemos imenso.