Que opinião têm os outros sobre mim? Esta é a questão que, não raras vezes, colocamos a nós mesmos… Na verdade, a pergunta essencial é: eu permito-me ser quem sou? Eu preocupo-me com o que EU penso sobre mim?
A sociedade é insaciável a estabelecer caixinhas onde temos
de nos formatar. É uma rotulagem que nunca mais acaba. E nós silenciamos a nossa
voz, optando pelo silêncio, para não entrar em conflitos nestes tempos de
censuras não declaradas. Não sabemos, provavelmente, que, com essa automordaça,
“compramos” uma guerra dentro de nós. E estamos em paz com todos, mas de mal connosco.
Que ousadia é a dos outros para me dizerem que eu tenho de
ser assim ou assado? Que desfaçatez a de tirar conclusões precipitadas sobre
quem sou se nem eu mesma sei. Há tantos “eus” dentro de mim! E nenhum existe
para agradar. Não se sustenta a personagem do agrado a gregos e troianos por
muito tempo. É cansativo, pesado, é todo um trabalho de representação teatral e
dramática não remunerado. Não estou para isso. Fingir sempre também cansa!
Então, se alguém me quer criticar destrutivamente, pode pôr a sua opinião não
pedida num cálice e entregar-mo, mas recusar-me-ei a beber esse veneno. Afastem
de mim esse cálice. Devolvo à procedência. Talvez o veneno não seja peçonhento
para quem o gera. Ou talvez seja…
Beatriz Cruz, 9ºE